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Diário de uma Alquimista

blog pessoal de andreia gonçalves

Diário de uma Alquimista

blog pessoal de andreia gonçalves

29 de Maio, 2019

Sou veloz como uma tartaruga no deserto - 2ª parte

Andreia Gonçalves

 

Aquele abraço de quem nos quer bem recebido antes da partida encheu-me por dentro. Mas não foi suficiente para acalmar os nervos e isso fez com que o meu batimento cardíaco estivesse muito alto antes de começar a correr, o que não ajudou nada! Juntando o calor e uma prova com 80% de subidas, em menos de nada comecei a sentir-me exausta e a pensar que não era capaz. O percurso era composto por duas voltas, sendo que consegui fazer a primeira sem parar de correr: ora a trote, ora a ritmo médio e acelerava nas poucas descidas.

Esmoreci pouco depois de concluir a primeira volta porque alguns atletas já estavam a terminar a prova! Quer queiramos, quer não, não queremos ficar para trás. Por um lado, sabia que ia ficar nos últimos lugares e só tinha de pensar que estava ali com o objetivo de terminar a prova. Por outro, quando vemos que estamos a ficar para trás, desmotiva-nos. E foi o que aconteceu.

Já estava prontinha para desistir quando um colega de equipa começa a correr ao meu lado a dizer que me ia acompanhar. Bem que me tramou. Agora já não podia desistir! Esteve sempre lá, mesmo quando eu parava para andar, ele andava comigo. Deu-me o alento e a força para conseguir seguir em frente e deu-me uma grande lição. Já perto do final o meu namorado também veio dar uma ajuda e as minhas colegas mais novas também. Já quase sem pulmão direito (o esquerdo, entretanto já tinha seguido viagem para casa) e com o coração na reforma, fui em sprint até à meta!

Tinha noção que tinha sido das últimas atletas a chegar, mas tinha conseguido: 10,55 quilómetros! Não consegui conter as lágrimas. De tristeza, de alegria, de missão cumprida, sei lá. São muitas emoções ao mesmo tempo e a prova de que quando trabalhamos para um objetivo, chegamos lá! Foi difícil, foi um esforço sobre-humano para mim, mas tudo na vida está no lugar certo e vem na hora certa. Basta confiar!

A parte para a qual não estava preparada, muito menos à espera, foi quando me chamaram para receber o segundo lugar do escalão! Revivo o momento na memória e imagino a cena como uma gala de Hollywood quando os nomeados são chamados para receber o prémio e fazem aquela poker face de “não estava nada à espera”, mas no meu caso foi real! Representar a equipa pela primeira vez e trazer uma taça para casa é obra!

Apesar de não ter feito um resultado por ali além, ESTA PROVA vai ficar na memória e dá-me a determinação para continuar a correr, mas também uma enorme responsabilidade: tenho de trabalhar mais e melhor e sobretudo nunca desistir de mim e enfrentar cada obstáculo com coragem para não deixar de acreditar! A próxima está quase aí! Agora vou ali escolher uns ténis novos e já volto!

PS: sem nomear nomes, agradeço aos anjos que se têm cruzado na minha vida (eles sabem que o são)

28 de Maio, 2019

Sou veloz como uma tartaruga no deserto - 1ª parte

Andreia Gonçalves

E tenho a resistência de um ovo no alcatrão debaixo de 50º graus. O dia da corrida tinha finalmente chegado. Mal eu sabia que ia ser a prova mais difícil que alguma vez tinha feito. Não era a primeira vez que corria 10 quilómetros. Mas era a primeira vez desde novembro de 2018. Com o inverno perdi o foco…não deixei o treino funcional, mas pendurei os ténis de corrida… porque ao final do dia já era noite, porque estava frio, porque estava a chover, sempre existiram desculpas. E agora estou a pagar essa fatura. Quando pensei que este ano ia tentar uma meia maratona, hoje sei que isso não vai acontecer. E a culpa é só minha. Ou definimos objetivos e somos fieis a eles ou então não há milagres. E é mais fácil atribuir as culpas aos fatores que nos são externos do que olhar para dentro de nós e perceber que somos nós os responsáveis por trilhar o nosso caminho.

Meti na cabeça que ia retomar as corridas, porque gosto e porque queria voltar a sentir-me bem a correr, pois já era um obstáculo que tinha conseguido ultrapassar e parar agora seria deitar todo esse esforço fora. Em março deste ano fui correr e só consegui fazer 3 quilómetros! Não era possível! Decidi então que tinha de ter treino disciplinado e que tendo dia e hora marcados não ia faltar. Assim foi. Comecei a treinar na equipa de atletismo do clube local em abril e mantive os treinos funcionais. Já me tinham desafiado a ingressar numa equipa de atletismo, mas achei que não era para mim, mas o que é certo é que resultou e voltei a treinar fielmente. A primeira prova a sério foi a VI Corrida das Cerejas, conhecida por ser exigente. Eu conheço o local e sabia que não ia ser fácil e estava cheia de medo de não conseguir correr. Nos dias de treino mal consegui correr por não conseguir controlar a respiração. Não ia participar para alcançar nenhum prémio (longe disso) muito menos ficar bem classificada. Como dizia nos dias que antecederam a prova: ia lutar pelo último lugar, mas em bom!

Não estava nada confiante. Tinha consciência da minha fraqueza, da distância, da exigência da prova e do calor que estava previsto. Tudo fatores que faziam esmorecer. Mas já estava inscrita, ia ser a minha primeira prova pela equipa. Não podia voltar atrás. Mal seria se não chegasse ao fim de três ou quatro horas à meta. Coincidência ou não (ainda estou para perceber) quando cheguei junto da equipa e o treinador me dá o dorsal que me tinha sido atribuído fiquei em choque: número 1! Bom, pelo menos este número 1 já ninguém me tirava. Lá no fundo acreditei que era um bom presságio e que ia conseguir fazer a prova, apesar de me terem dito minutos antes da partida que eu era a última pessoa que esperavam ver ali!

24 de Maio, 2019

A minha primeira (mini) maratona

Andreia Gonçalves

O tema meia maratona de lisboa começou num almoço de amigos em agosto. Daquelas conversas macho-alfa “eu sou capaz de correr uma maratona com uma perna às costas e tu não”. Resultado: três eleitos, “os mais capazes”, a caminho da meia maratona de Lisboa. E eu, “o atrelado”. Naquela altura conseguia correr 5 quilómetros muito mal corridos, sempre desafiada pelo meu namorado que me “puxava” para fazer exercício. Achei que a minimaratona (com 8 km) era um bom começo e começar a correr em plena ponte Vasco da Gama, já era uma boa motivação!

Depois da inscrição, a motivação era diferente. Já me apetecia ir correr todos os dias, já me interessavam os resultados, o tipo de calçado (roupa e acessórios a combinar, claro), descobri conceitos como tipo de passada, comecei a seguir maratonistas no Instagram para me inspirar. Todo um mundo novo que emergia!

Chegados a outubro, o meu ar de tartaruga no deserto tinha melhorado e já me sentia capaz de fazer os 8 km. Moro a duas horas de lisboa, portanto o mais confortável seria ir na véspera para dormir bem e acordarmos descansados no domingo. Os planos foram pelo rio abaixo, ou melhor, o furacão Leslie esbandalhou os planos, porque na tarde anterior à prova comecei a receber avisos da organização com alterações da hora e do local da partida, mau tempo, chuva, vento e já não ia correr na ponte Vasco da Gama! Primeira hesitação.

Decidimos ir de manhã com receio de a prova ser cancelada e ir fazer a viagem em vão. Seis da manhã o despertador toca. Este foi o segundo momento de hesitação. Desistimos? Vamos? Só restávamos dois, pois nos dias anteriores os outros elementos desistiram. Parecia que o universo nos dizia para não avançar. Mas calma: então treinamos tanto, investimos tempo na preparação para desistir naquele momento? Nem pensar. Desafiámos o destino e lá fomos. Se me tivessem dito há uns seis meses que iria sair de casa às 6h40 da madrugada para fazer uma viagem de 220 km para ir correr, diria muito provavelmente a essa pessoa padecia de demência.

Chegados ao Parque das Nações cada um foi para o respetivo ponto de partida. Nunca me senti tão sozinha. A inexperiência, o nervosismo, a novidade, um misto de emoções que se apodera de nós que nem sei bem descrever em palavras. Tinha vontade de fazer xixi a toda a hora, tinha fome, tinha calor (porque fui muito vestida), estava com aquele frio na barriga. Uma experiência indiscritível e estava a vivê-la sozinha.

O momento entre o “tiro” de partida e o primeiro quilómetro passou em menos de nada. Depois do segundo e do terceiro já tudo é mais fácil, ou mais difícil, depende do ponto de vista. A partir daqui, pensei várias vezes em desistir, pensei várias vezes que não era capaz de fazer aquilo, que era maluca, revoltei-me comigo própria e só pensava porque me tinha metido nisto!!! Senti muita vontade de chorar e cerrei os dentes para não o fazer por vergonha. A cada quilómetro a vontade de desistir era maior.

A motivação estava lá, ali mesmo ao lado, bastou estar atenta para a encontrar. Vi um casal que corria lado a lado a empurrar um carrinho de bebé, vi uma mulher com mais de 60 anos com problemas físicos e lá estava a correr, vi grupos de amigos, vi amigos lado a lado a dar força àquele que parecia querer desistir: “respira bem, devagar, vai tu consegues, eu estou aqui!” Foi aí que imaginei o meu namorado a fazer o mesmo e continuei. Ainda o meu relógio mal tinha dado os 6 km vi ao fundo o primeiro ponto de abastecimento. A música e os primeiros aplausos dos desconhecidos souberam pela vida. Sabem aquelas pessoas que estão a aplaudir atletas num estádio ou à beira de uma estrada numa prova qualquer? Pensei tantas vezes: mas por que raio estamos aqui a bater palmas. Nem nos conhecem, estão tao concentrados que nem se apercebem. Isto é fazer figura de estúpido! Tudo mentira. Se soubessem o quanto é bom ouvir aquelas palavras de “força”, “está quase”, “vá la”. Acreditem é uma sensação anormal de apoio moral, faz-nos sentir importantes e que somos capazes. Esses gritos deram-me alento para finalizar a jornada.

Até à meta foi um tiro. Acelerei o ritmo, sentia-me viva e capaz, sentia-me feliz. Quando passei a meta fechei os olhos e agradeci à vida! O segredo é só um: foco! O resto vem com o tempo! Eu chego lá! Ainda tenho um longo caminho pela frente, ainda tenho muito que aprender, errar, recuar e recomeçar. Hoje estou nas vésperas de uma prova com 10 km e o medo de não conseguir acabar é o mesmo. Para quem corre ou para quem é atleta parece ridículo estar a dizer uma coisas destas.

Não estou confiante porque ainda sou uma tartaruga a correr no deserto porque perdi o foco durante o inverno. Aprendi a lição, fica o tema para outro post. Neste momento estou a lutar para o último lugar, mas em bom!

O meu objetivo é continuar a correr até que me fizer feliz! Siga #naoqueroseraultima #aultimamasembom

22 de Maio, 2019

sobre mim

Andreia Gonçalves

Jornalista de profissão, alquimista de coração. São as palavras que melhor me definem. Não procuro o elixir da vida nem a pedra filosofal, muito menos tenho fascínio pelo oculto.

A palavra alquimia tem origem no árabe al-kimiya, que está relacionada com o conceito de química. Para mim, a verdadeira alquimia acontece na minha cabeça e no meu coração quando penso, sinto ou simplesmente “sei que sei” determinadas coisas, sem saber explicar porquê. Deve ser isso que é o “tal” sexto sentido ou instinto, como queiramos chamar.

O meu nome é Andreia Gonçalves. Nasci e cresci em Proença-a-Nova, uma vila do interior, entre as rotinas dos afazeres no campo, os mergulhos de água gelada na ribeira (que mais tarde passaram a chamar de praia fluvial), a comida caseira da minha mãe cujos ingredientes eram, e continuam a ser, oriundos da terra ou do curral do Vale Mousel e a fruta acabada de colher da árvore. Sou apaixonada pela minha terra, por tudo aquilo que ela representa e tenho orgulho nas suas gentes, nos seus costumes e tradições.

Apresento programas de televisão desde os 3 anos de idade na minha imaginação e talvez isso explique que desde cedo soube que queria ser comunicadora. A idade trouxe-me a sabedoria de que as aulas de educação física afinal servem para alguma coisa (até para arranjar marido!!!) e deu-me a conhecer a teoria da gravidade: tudo descai de alguma forma!

Depois de alguns anos a morar na cidade à procura do meu sonho, regressei novamente ao campo e percebi que “esse sonho” não é um lugar físico, mas a forma como vivemos a vida. Para mim, não há fórmulas erradas nem certas. Nada acontece de um dia para o outro. O progresso acontece fora da nossa zona de conforto, independentemente do tipo de pessoa que sejamos. É através do esforço e da dedicação que atingimos a mudança verdadeira, muito mais importante que os resultados rápidos.  É preciso traçar objetivos e a determinar uma estratégia para os conseguir alcançar, que se baseia em disciplina, esforço, trabalho diário e sobretudo foco. Também temos de aprender a saber esperar e a confiar. Aprender, errar, recuar e recomeçar. É este o ritual.

Este é o meu diário onde anoto as minhas experiências, as minhas ideias e peripécias que acontecem a qualquer pessoa. O que eu mais quero é inspirar-vos com as minhas histórias e motivar-vos a encontrar aquilo que vos faz felizes!