Sou veloz como uma tartaruga no deserto - 2ª parte
Aquele abraço de quem nos quer bem recebido antes da partida encheu-me por dentro. Mas não foi suficiente para acalmar os nervos e isso fez com que o meu batimento cardíaco estivesse muito alto antes de começar a correr, o que não ajudou nada! Juntando o calor e uma prova com 80% de subidas, em menos de nada comecei a sentir-me exausta e a pensar que não era capaz. O percurso era composto por duas voltas, sendo que consegui fazer a primeira sem parar de correr: ora a trote, ora a ritmo médio e acelerava nas poucas descidas.
Esmoreci pouco depois de concluir a primeira volta porque alguns atletas já estavam a terminar a prova! Quer queiramos, quer não, não queremos ficar para trás. Por um lado, sabia que ia ficar nos últimos lugares e só tinha de pensar que estava ali com o objetivo de terminar a prova. Por outro, quando vemos que estamos a ficar para trás, desmotiva-nos. E foi o que aconteceu.
Já estava prontinha para desistir quando um colega de equipa começa a correr ao meu lado a dizer que me ia acompanhar. Bem que me tramou. Agora já não podia desistir! Esteve sempre lá, mesmo quando eu parava para andar, ele andava comigo. Deu-me o alento e a força para conseguir seguir em frente e deu-me uma grande lição. Já perto do final o meu namorado também veio dar uma ajuda e as minhas colegas mais novas também. Já quase sem pulmão direito (o esquerdo, entretanto já tinha seguido viagem para casa) e com o coração na reforma, fui em sprint até à meta!
Tinha noção que tinha sido das últimas atletas a chegar, mas tinha conseguido: 10,55 quilómetros! Não consegui conter as lágrimas. De tristeza, de alegria, de missão cumprida, sei lá. São muitas emoções ao mesmo tempo e a prova de que quando trabalhamos para um objetivo, chegamos lá! Foi difícil, foi um esforço sobre-humano para mim, mas tudo na vida está no lugar certo e vem na hora certa. Basta confiar!
A parte para a qual não estava preparada, muito menos à espera, foi quando me chamaram para receber o segundo lugar do escalão! Revivo o momento na memória e imagino a cena como uma gala de Hollywood quando os nomeados são chamados para receber o prémio e fazem aquela poker face de “não estava nada à espera”, mas no meu caso foi real! Representar a equipa pela primeira vez e trazer uma taça para casa é obra!
Apesar de não ter feito um resultado por ali além, ESTA PROVA vai ficar na memória e dá-me a determinação para continuar a correr, mas também uma enorme responsabilidade: tenho de trabalhar mais e melhor e sobretudo nunca desistir de mim e enfrentar cada obstáculo com coragem para não deixar de acreditar! A próxima está quase aí! Agora vou ali escolher uns ténis novos e já volto!
PS: sem nomear nomes, agradeço aos anjos que se têm cruzado na minha vida (eles sabem que o são)