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Diário de uma Alquimista

blog pessoal de andreia gonçalves

Diário de uma Alquimista

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25 de Setembro, 2019

Bem-vindos ao gang da marmita

Andreia Gonçalves

Eu ainda sou do tempo que a marmita era um estigma. Em que era menos honroso levar almoço para o trabalho porque era cool ir almoçar fora. As pessoas que levavam marmita eram olhadas de lado “eish levas almoço para o trabalho, a sério?”

As pessoas tinham vergonha de andar com o saco térmico (também não havia sacos térmicos giros como agora) e notava-se que tentavam encobri-lo quando andavam em público, nos transportes, etc.

Mesmo os chefes não olhavam com bons olhos para a existência de uma copa. Até há pouco tempo as copas eram minúsculas onde não cabiam mais de duas pessoas; comia-se na própria secretária e o cheiro a comida invadia o escritório.

Atualmente, a marmita já ganhou terreno, mas foi preciso um grupo de visionários abrir o caminho com a sua persistência. Depois de escritórios inteiros empestados de cheiro a comida durante 15 dias e de um grupo sem vergonha que sempre insistiu em trazer comida de casa, com a crise ou sei lá mais o quê, eis que surgiu a moda das marmitas.

Eu pertenço a esse grupo de idealistas, trabalho há cerca de 10 anos e levo marmita para o trabalho desde o estágio. Agradeço à minha orientadora que logo na entrevista me pôs à vontade: “nós aqui trazemos almoço para o trabalho” e apressou-se a mostrar a copa. Confesso que fiquei surpreendida, mas radiante porque iria poupar dinheiro (além disso, o estágio não era remunerado). E sinceramente acho que nunca me senti tão bem a comer com os colegas de trabalho. A copa era numa antiga sala de reuniões: restou a mesa comprida e as cadeiras, juntou-se um móvel de lava-loiças, um micro-ondas e um frigorífico; havia ainda talheres, copos e pratos para quem quisesse usar. Éramos uma espécie de gang. E cada dia que passava entrava mais um elemento. E notava-se perfeitamente quem tinha acabado de entrar no grupo e quem já andava nisso há muito tempo: pela sofisticação da refeição (que incluía sopa, prato principal, sobremesa), pelo conjunto imaculado de talheres, prato e individual a combinar e pela própria descontração, dando as boas-vindas aos recém-chegados que se notava pelo tupperware desproporcional, pela refeição rápida ou pelo esquecimento de qualquer objeto que estavam a iniciar este ritual. Foi difícil encontrar um saco térmico a medida: nem muito grande nem demasiado pequeno. E o tupperware de vidro para ir diretamente ao micro-ondas e que tivesse o tamanho ideal para uma refeição e para caber dentro do saco. Encontrei na altura uma sacola com desenhos, mesmo a minha cara. Era tão divertido almoçar com pessoas de outros departamentos com quem no dia a dia não nos cruzávamos e que de uma forma mais informal íamos conhecendo naqueles 45 minutos. Os restantes 15 da hora de almoço eram para ir ao café. E todas as sextas-feiras era dia de almoçar fora. Só para ser diferente! Tive a sorte de nos empregos seguintes haver sempre copa, mais ou menos sofisticada.

Preparar a marmita dá trabalho, é verdade. Preparar a comida no dia anterior, pensar no que levar e mais uma mil e duas desculpas. Sim, são desculpas. Hoje é cool levar marmita e até as marcas acompanham a moda com sacos térmicos todos xpto, tupperwares que incluem talheres e copos reutilizáveis. E basta seguir um ou dois instagramers da vida para ter sugestões de refeições ou ir atrás da moda (da carneirada, como costumo dizer). A moda das marmitas veio com a alimentação saudável, com os sumos detox, o fitness, a sustentabilidade e mais uma carrada de coisas que sempre existiu, mas que toda a gente ignorava. Agora diz que é moda, portanto mais uma razão para aderir, porque não?

Pensem nas vantagens (que nós já pensávamos há anos atrás): sabemos o que estamos a comer; conseguimos manter uma alimentação saudável com produtos frescos; diminuímos a probabilidade de fazer opções menos saudáveis (quem resiste a umas batatinhas fritas e um ovo a cavalo num bife? Eu não!); poupamos dinheiro; uma hora de almoço dá para fazer mais do que almoçar, em vez de passar a hora de almoço à espera que o prato seja servido; controlamos a quantidade de comida, sem exageros. Não é preciso virem as teorias porque já tínhamos descoberto as vantagens. Hoje tenho a sorte de poder vir almoçar a casa, mas ainda assim preparo lanches e jantares para a semana toda. É uma questão de organização, de estilo de vida ou sei lá o quê! Cada um terá a sua razão!

03 de Setembro, 2019

As palavras mágicas da Pandora

Andreia Gonçalves

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Será que os cães entendem o que os humanos dizem? Qual será a sua perceção da realidade? Há estudos que comprovam que a sua inteligência social depende da sua convivência com os homens. Estão sempre atentos às movimentações que ocorrem à sua volta, tanto dos humanos como de outros cães. E há quem diga que cães e humanos podem ter mecanismos semelhantes para processar as informações emocionais, uma vez que o cérebro canino possui uma região no cérebro com muitas semelhanças a uma parte do cérebro humano. Há vários exemplos de cães que não largam os donos quando estes estão doentes ou morrem. O mesmo acontece quando as pessoas estranhas não transmitem confiança ou os ciúmes quando deixam de ter atenção em detrimento de outro cão ou animal de estimação.

A inteligência e perceção da minha Pandora (pandorinha ou dorinha para mim) surpreende-me todos os dias. É daquelas cadelas que parece que compreende tudo o que dizemos e, melhor, percebe quando faz asneiras, quando sabe que vai fazer coisas que não gosta. Como ir ao veterinário… saímos tantas vezes para ir passear de carro, entra à primeira no porta bagagem do carro, mas precisamente no dia de ir ao veterinário essa vontade passa-lhe e temos de a carregar à força. E ainda há as vezes em que destrói qualquer coisa, como, no caso da foto, um brinquedo e depois põe-se nesta posição a pedir desculpa...

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Mas há ainda as palavras ou expressões que são mágicas e que é só preciso dizer uma vez para acontecer magia. Eis o dicionário da Pandora_the puppy:

Toma

Pode estar a metros de distância, pode estar a fingir que dorme profundamente, pode estar amuada (sim, às vezes percebe que estamos a gozar com ela e vira-nos as costas e vai para a sua caminha amuar), mas quando alguém diz “toma” ela aparece logo porque sabe que vem aí comida…

Vem aí a Andreia

Só funciona com este nome, suponho porque gosta muito dessa pessoa. Assim que alguém lhe diz isto começa a controlar a janela e a porta para ver quando chega.

Vamos pentear?

Se estiver ocupada larga tudo e vem na direção da pessoa que profere essas palavras, de rabo a abanar, e depois na direção da sua caixa de higiene pessoal onde está a escova. Depois coloca-se na posição onde quer ser penteada e vira-se para que a escova percorra o corpinho todo. Os olhos dizem tudo: momento de puro relaxamento! O inverso acontece quando pego no champô e digo “vamos tomar banho?”. Começa a ver as movimentações da mangueira, do balde de água quentinha …. e vai-se deitar à cama, assim como a fingir-se de morta, esperando que ninguém dê por ela e o banho seja adiado.

Vamos à rua (ouvir a trela)

Assim que ouve o tilintar a trela na caixa junto à porta de entrada, senta-se e não larga a porta porque sabe que vai passear. Com sorte vai ao parque correr e rebolar na relva.

Dá um abraço

Ultimamente esta só funciona se tivermos comida na mão. Basta pedir um abraço e ela põe as patinhas no peito para alcançar a guloseima. E pede abraços quando alguém não lhe está a ligar nenhuma.

Dá a pata…a outra

Senta e deita quando lhe pedimos. Mas isto só vai à primeira. À segunda é só se houver recompensa…

Vai para a tua caminha/mantinha

Infalível quando faz asneiras! E nem é preciso mandá-la. Deita-se, patinhas para a frente e olhos de carneiro mal morto como quem diz “foi sem querer. Nem queria fazer nada disto, mas aconteceu. Pronto, foi um momento de loucura e estou tao arrependida"…até à próxima vez, talvez!

O brinquedo?

A Pandora tem muitos brinquedos....mas há dois em particular que ela usa em momentos específicos diferentes. O primeiro é a bola verde que vai buscar quando quer brincar no terraço. Vai buscá-la e vem colocar no colo como quem diz "atira para eu ir buscar. quero brincar"; o segundo é o osso azul que nunca falta quando tem a barriga cheia...

Há muitas outras palavras que fazem desta cadela muito especial. Não fala, mas eu sei que ela sabe que é amada e demonstra-o de muitas formas....mas isso contarei noutro post. 

Sigam as aventuras da Pandora em https://www.instagram.com/pandora_thepuppy/