Caminhar ou correr: o que fazes pela tua saúde?
Com a rotina diária cada vez mais corrida, a desculpa da falta de tempo passa sempre a atividade física para segundo plano. O stress do dia a dia nos leva a cada vez mais a escolher opções pouco saudáveis no que toca à alimentação que passam a ser regra. E com o passar dos anos sofremos as consequências desta falta de tempo: a saúde mental e física.
O exercício físico entra aqui como o antídoto para combater as doenças associadas aos erros alimentares, mas também como uma espécie de elixir para a saúde mental eterna. Para isso basta caminhar, correr, andar de bicicleta, ou outra qualquer atividade que implique mexer o esqueleto!
Será que o problema é não ter tempo? A questão que se levanta na realidade é: estaremos a dar o devido valor ao nosso tempo? É essencial saber estabelecer prioridades para conseguirmos gerir o tempo de forma saudável. Assim como aprender a descansar, a ter tempo para nós, a não ceder a pressões e a não viver obcecada pelo trabalho.
Nos últimos dois anos aprendemos isto da pior forma. Passamos a viver dentro de quatro paredes e a valorizar esse conceito tão raro: tempo! De repente, os dias ganharam mais horas, demos por nós a ter tempo para coisas que passávamos a vida a dizer que não tínhamos. Para mim a palavra do ano é TEMPO. Ganhámos todos.
O tempo é a única coisa que não podemos dar como adquirida, não o controlamos. As mudanças nunca são fáceis, mas com certeza, se tornam com o passar do tempo, extremamente necessárias. Porque não somos super-heróis e aceitar essa condição é essencial para sermos realmente felizes.
O significado da minha corrida
A corrida para mim é terapêutica. Não faço meditação, nunca experimentei, mas também é uma prática que ainda não me conseguiu atrair. Quando pensamos em meditar, a nossa mente pensa em estar sentada no chão de pernas cruzadas, a ouvir tambores ou sons da natureza, incensos ou velas. Se calhar ate me fazia bem, não digo que não acredito nos seus benefícios, simplesmente para mim não resulta. Estar quieta muito tempo não é para mim, sinto assim uns formigueiros, umas genicas e tenho de ir fazer coisas. Aliás a coisa que me acalma os nervos quando estou stressada ou chateada é fazer limpezas e arrumações. Sou capaz de tirar tudo de um armário e organizar por cores e feitios. Manias.
Se meditar significar encontrarmo-nos connosco então descobri a minha forma de meditar: a corrida. Descobri o desporto depois dos 30 anos. As minhas primeiras três décadas de vida foram alapadas no sofá e só de pensar em calçar uns ténis já me sentia cansada. Depois de casar com um professor de educação física e sofrer de uma espécie de bullying fofinho (hoje acho que era fofinho) não tive outro remedio se não ceder…se não os consegues vencer, junta-te a eles, right? Basicamente, desde que comecei a namorar com o meu marido, ele sempre me massacrou com a história de que o desporto é saúde, blá, blá, blá.
Antes dos 30 sempre que esta conversa começava lá ia eu comer um pacote de batatas fritas que era o melhor que eu fazia. Mas a idade não perdoa e a gravidade também não. Já tinha uma alimentação cuidada, variada e equilibrada. Os meus rituais para um estilo de vida saudável começaram precisamente na alimentação. Claro que me inscrevi em 947828281 aulas de fitness, ginástica localizada, cycling, hiit ou crosstraining. E claro que ao fim de dois meses começava a baldar-me até desistir. Ainda não tinha chegado o momento certo. As mudanças não acontecem de um dia para o outro, são difíceis e têm o seu tempo. Não acredito em coisas impostas porque é meio caminho andado para correr mal. Se começamos uma dieta restritiva de um dia para o outro vamos ter muito mais vontade de desistir do que iniciarmos com pequenas mudanças no dia-a-dia até ao dia em que mudamos por completo.
A minha relação com o desporto, tal como com a alimentação, foi assim que começou. E além do bem-estar físico, da saúde e de todos os benefícios conhecidos, a corrida trouxe-me muito mais do que isso.
O estado da nossa saúde
A Direção-Geral de Saúde recomenda 30 minutos de atividade física por dia. Dados do Inquérito Nacional de Saúde (INS), realizado pelo Instituto Nacional de Estatística, recolhidos em 2019 revelam que a maioria da população com 15 ou mais anos não praticava qualquer atividade desportiva de forma regular (65,6%) em 2019, sendo que 13,6% das pessoas referiram praticar exercício físico em um ou dois dias por semana (15,4% em 2014). Para 34,0% da população, a prática semanal de exercício era inferior a duas horas.
Mais de metade da população adulta com excesso de peso ou obesidade
A consequência destas estatísticas é que mais de metade da população com 18 ou mais anos (53,6%) tinha excesso de peso ou obesidade, isto é, tinha um índice de massa corporal (IMC) de 25 ou mais kg/m2. 8,0% da população residente com 15 e mais anos (716 mil pessoas) apresentava sintomas depressivos e 1,9% (cerca de 170 mil pessoas) não tinham a quem recorrer em caso de problema pessoal grave.
Menos de metade da população consumia legumes ou saladas diariamente
Cerca de 5,9 milhões de pessoas com 15 ou mais anos (66,4%) consumiam fruta diariamente (excluindo sumos de fruta); em média, 2,3 porções. O consumo diário de fruta era menos frequente entre as pessoas dos 15 aos 24 anos e mais frequente a partir dos 45 anos. Por outro lado, 5,4% da população em análise consumia fruta menos do que uma vez por semana e 2,3% indicou nunca o fazer. Os resultados do inquérito realizado em 2019 indicam que eram 3,7 milhões (41,7%) as pessoas que consumiam legumes ou saladas diariamente (excluindo sopas, batatas e sumos): em média 2,0 porções por dia.
Aumentou a proporção das pessoas com dores lombares e cervicais
As dores crónicas, designadamente as dores lombares ou outros problemas crónicos nas costas e as dores cervicais ou outros problemas crónicos no pescoço, foram as doenças crónicas referidas com maior frequência em 2019, respetivamente 37,3% e 27,1%. A hipertensão arterial foi referida por 26,4% da população.
Algumas consequências do sedentarismo:
- Falta de força muscular por não estimular todos os músculos;
- Dor nas articulações devido ao excesso de peso;
- Aumento de gordura abdominal e no interior das artérias;
- Aumento excessivo do peso e até mesmo obesidade;
- Aumento do colesterol;
- Maior probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares, como enfarte ou AVC;
- Aumento do risco de Diabetes tipo 2.
Praticar exercício físico e ter uma alimentação saudável são estratégias para combater ou prevenir estas patologias. Mas muito mais do que isso. Existem quatro pilares onde assenta o estilo de vida saudável: alimentação, desporto, mental e o descanso.
Teste à tua corrida: que tipo de corredora és?
O desporto transformou a minha vida. Muito mais do que o bem-estar físico e mental. A corrida ensinou-me a ser disciplinada, focada e a acreditar mais em mim. Ao transpor esses ensinamentos para a vida profissional, transformou-me numa empreendedora mais motivada e alinhada comigo. O desporto, para mim, é essencial para ajudar a manter-me forte, focada e positiva.
Não há fórmulas mágicas. Além da força de vontade e da persistência, também é preciso entender que cada um tem o seu tempo e não e por um projeto demorar 5-6 anos a concretizar-se que vamos desistir. Porque realmente não há prazos definidos. A sociedade ainda penaliza quem falha e quem tem sucesso deve-se à sorte!
Aqui está se calhar uma das grandes chaves do sucesso. Tem sido uma grande lição esta jornada de empreendedora e a corrida, por exemplo, o dedicar-me mais a mim, a ter um estilo de vida mais saudável fez-me iniciar um caminho de autoconhecimento sem me aperceber. Hoje olho para o meu percurso dessa forma.
Não acredito em benefícios imediatos. Nada acontece de um dia para o outro. O progresso acontece fora da nossa zona de conforto, independentemente do tipo de pessoa que sejamos ou da nossa condição física. É através do esforço e da dedicação que atingimos a mudança verdadeira, muito mais importante que os resultados rápidos – Essa foi a grande lição que tirei do desporto e que me fez crescer.
A corrida ensinou-me muitas coisas que tento aplicar na minha vida. Traçar objetivos e a determinar uma estratégia para os conseguir alcançar, que se baseia em disciplina, esforço, trabalho diário e sobretudo foco. Também me ensinou a saber esperar e a confiar no treino mesmo que nos pareça que não estamos a evoluir. E não pensem que muitas vezes não penso em desistir, que acabo um treino a dizer que não sirvo para correr, que não consigo. Acontece muitas vezes!
Aprendi a lidar melhor com a frustração, com o fracasso, com a desilusão e aprendi sobretudo a celebrar mais as pequenas vitórias diárias e a dar mais valor às pessoas que me rodeiam e que acreditam em mim.
Quando estamos focados, conseguimos ser tudo aquilo que desejamos! O resto vem com o tempo! Eu chego lá! Ainda tenho um longo caminho pela frente, ainda tenho muito que aprender, errar, recuar e recomeçar.
Desafio-te a fazer o teste ao teu tipo de corrida, caminhada, ou seja, lá o que for: “que tipo de corredora és?” É uma espécie de classificação humorística para perceberes qual é a tua relação com o exercício físico e/ou avaliares o compromisso que tens contigo própria. Escolhi a corrida porque é a modalidade que me é mais próxima, mas podemos adaptar esta classificação a outra modalidade. O que interessa é mexer-nos pela nossa saúde. Não te castigues se a resposta não for aquilo que esperavas, motiva-te para mudares a tua vida, tal como eu fiz!
Que tipo de corredora és? As respostas que te vão levar ao infinito e mais além!
Navegante da lua: é aquele tipo de pessoa que se farta de correr: meias maratonas, maratonas, ultra trail …, mas só na imaginação.
Aspirante a caminhante: ou caminhadora sazonal. É aquele tipo de pessoa que assim que há um raio de sol e a temperatura sobe, começa a andar, faz caminhadas todos os dias, convida as amigas e até aluga um cão para passear se for preciso. Mas basta começar o frio e a chuva e deixa a atividade.
Dominadora das caminhadas: sabe de cor todos os percursos possíveis num raio de 10 km. Está atenta a todas as caminhadas programadas e participa em todas para receber uma t-shirt vale tudo, um boné, enfim, um brinde qualquer.
Tartaruga do deserto: é aquela pessoa que corre, mas corre tão lentamente que ainda é capaz de uma tartaruga lhe passar à frente a fazer um sprint.
Quase-que-é-atleta: estás num nível onde já se pode dizer que és viciada em corrida: tens um plano de treino que cumpres à risca; não sais ao sábado à noite para os copos porque tens treino no domingo de manhã.; gastas mais dinheiro em roupa, acessórios desportivos, sobretudo ténis de corrida, do quem em roupa casual; vais de ferias, esqueces a escova de dentes, mas não te esqueces dos ténis; tens um relógio que marca o batimento cardíaco, tempo e distâncias e o facto de dar horas é secundário!
Sinto que o meu propósito é esse: comunicar. Sinto que posso fazer a diferença através das minhas palavras e das minhas aventuras, motivar mais pessoas a adotarem um estilo de vida saudável. Também eu passei por todas estas fases até chegar onde estou. Hoje sinto que sou quase atleta.
Partilha comigo aqui nos comentários qual é o teu resultado! Estou muito curiosa. Lembra-te: o que interessa é aproveitar a viagem e não só a chegada! Esse é o segredo.