Lavar a roupa à moda de cá
Lembro-me da minha mãe estar horas a fio a lavar a roupa em pleno inverno, a chover e a fazer frio e ela encostada ao tanque. Eu espreitava na janela que dava para o quintal, atenta aos movimentos das mãos que empurravam a roupa contra o ondulado de cimento da bancada do tanque, uma e outra vez, passava o sabão nas nódoas mais difíceis e a escova para branquear os colarinhos das camisas. Depois enxaguava a peça na água fria várias vezes até não existir vestígios de espuma. Esta dança de movimentos era repetida peça após peça. Por vezes, a minha mãe vinha a correr à cozinha, com as mãos vermelhas para as aquecer na lareira. E ficava ali parada a mexer lentamente os dedos que lhe doíam tal não era a sensação do frio extremo. Imaginem 5, 6 quilos de roupa, o que equivale mais ou menos à quantidade de roupa que todos os dias colocamos nas nossas máquinas de lavar, e ter de lavar tudo à mão, peça por peça. Não conseguimos conceber o que seria ter de fazer isto! E também me lembro de ir à ribeira lavar a roupa na aldeia da minha avó, onde as pedras onde se esfregava a roupa eram marcadas à vez, espetavam-se paus nas paredes que serviam para pendurar a roupa lavada e as pedras secas serviam para por a roupa a corar ao sol. Ricas memórias daquelas que não enriquecem em ouro, mas em vivências…